Hoje estava tudo bem, acordei no horário, tomei café, subi ao quarto para escovar os dentes e trocar a camiseta que estava muito quente. Pronto: perdi a hora e... esqueceram de mim! Depois de me resgatarem, a atividade na Rocinha durou o dia todo e foi um dos melhores dias da vivência.
Pela manhã acompanhamos o processo dos cadastros dos usuários da Clínica da Família Maria do Socorro Silva e Souza. Ele é feito pelo GIL, um softwer específico, preenchido pelo mesmo agente que foi à casa da família.
No meio da manhã, uma médica solicitou silêncio pois as vozes estavam atrapalhando as consultas. Isso pode ser devido à frágil estrutura física do local, que por ser de um material leve não possui uma boa acústica, assim como não consegue segurar a temperatura do ar condicionado.
Almoçamos novamente no “Cantinho das Baianas” local aconchegante de comida boa e barata – o prato custa R$9,50 e pode ser dividido – e que exibe nas paredes fotos da sua participação no programa da Ana Maria Braga. Depois do almoço, nosso grupo acompanhou os agentes comunitários na Visita Domiciliar em domicílios próximos à Clínica. Foi uma experiência única adentrar o morro da Rocinha, em seus becos estreitos, suas escadas de difícil subida e vertigem descida. As construções chamam atenção pela improbabilidade de manterem-se seguras, apoiadas entre a varanda de uma casa e a úmida rocha que compõe o morro. Em um determinado trecho da caminhada, André, o Agente de Saúde que nos acompanhava, alertou-nos para a possibilidade de vermos pessoas armadas. Assim, surgiu em nosso caminho um grupo de jovens que fizeram questão de nos observar e mostrar suas armas na cintura. Um deles segurava um fuzil com o cuidado de um pai que segura um filho recém nascido. Foi com certeza o momento mais apreensivo de nossa visita.
Apesar dos avisos de não fotografar o morro, por motivo de segurança assim como em Manguinhos, nosso colega Fabiano atuou clandestinamente e conseguiu umas imagens bem legais dessa experiência.